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"Engolimos de uma vez a mentira que nos adula e bebemos gota a gota a verdade que nos amarga." Denis Diderot

domingo, 28 de fevereiro de 2010

Nas ondas do rádio

"Escute essa canção"

"Tudo está no seu lugar,
graças a Deus, graças a Deus..."
Benito di Paula


Graças a Deus o programa "Escute essa canção", que ontem teve a sua estréia pela 87 FM, no horário das 10h, após o Jovem Guarda Especial, e será levado ao ar todos os domingos, foi um sucesso total. Foram inúmeros telefonemas parabenizando a produção. Também pudera, as canções executadas na programação mexem com os sentimentos das pessoas. Obrigado meu Deus! Obrigado a todos os ouvintes! Obrigado às pessoas que ligaram...

Em ordem alfabética:

Ana Célia (professora), Ana Cristina, Bita, Ceicinha Xandu, Cleison (SECAT – 8º ano), Conceição Barros, Cremilda (Capela), D. Maria das Dores, D. Suzana, Edjas e Conceição, Francisca Ferreira, Francisca Lucinete (Ponta do Mato), Glorinha, Ivone Rodrigues, Lopes, Maria José e Socorro, Maria Lúcia (Coral Irmã Brígida), Mírian Jorge, Ninha, Paizinha Xandu, Raimunda (ex-vizinha), Rui Gomes, Solange Pimentel (professora), Veridiano (taxista), Wellington, Zuleide Félix.

Foto do rádio: Eliel Silva
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Comentário de Edvaldo Morais:

Eliel, você acertou em cheio na formatação do programa, diga-se de passagem, até onde sabemos, inédito na radiofonia potiguar. Os contatos e as ligações recebidas são a prova inconteste do êxito. Muito em breve 60 minutos não serão suficientes para atender aos que tem sentimentos e gostam da boa música. Que os "pobres moços" mirem-se no exemplo.

Sou até suspeito para opinar, pois, também estou neste barco que não navega à deriva.
Tio Ed.

sábado, 27 de fevereiro de 2010

O som do vale

Meu mestre, minha vida


“Eu corri pro violão, um lamento,
e a manhã nasceu azul.
Como é bom poder tocar um instrumento.”
(Tigresa – Caetano Veloso)

Raimundinho

Da maneira como venho conduzindo esse blog, contando histórias que me envolvem, um leitor desavisado ou menos atento poderá pensar que estou querendo aparecer. Mas não é isso. Juro que não. É que eu não sei muito fantasiar as coisas, e primo pela originalidade, então prefiro falar de fatos corriqueiros que eu vivi. Se prestarem bastante atenção verão que o foco das matérias é quase sempre alguém próximo a mim, e não necessariamente a minha pessoa. Pessoas que a vida me deu o privilégio de participar de algum momento de suas vidas. Então eu vejo que algumas dessas figuras são completamente esquecidas. Aí eu me boto a falar sobre elas. Raimundinho, por exemplo, foi um excelente violonista; tocou pra tanta gente. E tem alguma coisa escrita sobre ele? Nunca vi. Gostaria de, a exemplo do que já fiz com outros músicos, me aprofundar um pouco mais sobre a sua história, mas já não sei onde encontrar seus familiares. Mesmo assim eu quero falar um pouco sobre esse baixinho. Ele foi o meu professor de violão. Lá pelos anos de 1978/1979, recebi as primeira lições. Naquele seu método antigo: Primeira de Dó, Segunda de Dó, era por aí... Mais tarde, de posse de algumas revistas Violão & Guitarra, fui descobrindo os novos acordes: A, B, C., D, E, F, G... e aqueles seus complicados derivados.
Vieram os acordes dissonantes, diminutos, etc. Mas aquelas primeiras notas foram marcantes para mim. A descoberta dos sons, a construção dos acordes, o dedilhado no violão. Raimundinho me ensinou a tocar muitas músicas naquele meu início de carreira de músico. Devo ter passado um ano e meio sob a sua batuta. O mestre era um batalhador. Trabalhador informal, fazia de tudo. Por vezes eu o encontrava na batalha do tranco, quando eu passava pra Natal de carro, lá ia ele subindo a ladeira das “cacimbas” com um burrinho carregado de lenha. À noite era a vez de percorrer as residências dos seus alunos para ministrar as suas aulas. De vez em quando eu o surpreendia “pescando”. Era o cansaço do dia a dia, e o baixinho as vezes não resistia, e enquanto o aluno “passava a lição”, ele cochilava. Raimundinho se foi. Se foi como tantos outros músicos daqui: Misael, Zé Gago, Taumaturgo, Amarildo... Já foram tantos! E quem haverá de lembrar também desses heróis? Eu não sei. Estou fazendo a minha parte. Lembro que no sepultamento do violonista poucas pessoas se fizeram presentes. Apenas os familiares e alguns amigos unidos pela música. Será assim com todos! Uma voz que se cala, um instrumento que silencia.

Foto: Fotógrafo não identificado

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Pra não dizer que não falei de rock, ou...

Made in Ceará-Mirim

márcio disse...
gostei da foto... essa galera ja faz rock a muito tempo....
22 de fevereiro de 2010 05:05


hermanokda2 disse...
Essa carteirinha é muito massa tem muita história boa hehe. Parabéns pelo seu blog viva ao Rock'n'Roll. uma abraço. Hérmano KDA2.
23 de fevereiro de 2010 09:35


Ionaldo Oliveira disse...
Lembro o quão prazeroso era tê-la em minha humilde carteira sem cédulas, mas fazia parte da nossa realidade. Lembro também q o nosso rock's club saiu numa revista famosa nacional q não lembro o nome agora e apareceu um tal de "jojó metaleiro" a nossa procura na casa de Washington. Tudo era motivo de orgulho... e porque não lembrar da carta que enviamos para 96 fm q nos ofereceu algumas canções de rock regadas de elogios para com a turma... enfim, são momentos como estes q ficam registrados para sempre na nossa memória, só lamento profundamente não saber mais por onde anda a minha carteirinha...
23 de fevereiro de 2010 18:19

Zilene-profa disse...

Kkkkkkkkkk!
Q fantástico, Eliel... Eu também tinha uma carteira dessas, como fã inveterada de Rock, q sou.Até dia desses ainda tinha a minha, porém uma chuva violenta conseguiu destruir alguns documentos meus e lá estava entre eles, a minha carteira.Uma pena!
27 de fevereiro de 2010 10:39


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Naquele domingo, eu estava sem nenhuma matéria para postar no Retratos & Canções, analisando a minha carteira (também ainda hoje sem tostão) como falou o Ionaldo, se referindo àqueles tempos de garotos sonhadores, eis que eu me deparo com aquela carteirinha do Rock’s Club. Pensei: taí a matéria! Sem pretensão nenhuma escrevi aquele pequeno texto e qual não foi a minha alegria quando os amigos (irmãos em "armas”) começaram a tecer seus comentários à respeito daqueles acontecimentos. Obrigado, Márcio e Herminho pelas palavras de apoio e obrigado professor Ionaldo Oliveira pelas lembranças. Coisas que eu até já havia esquecido. Quando quiserem narrar suas memórias o blog será todo de vocês. A seguir, mais alguns momentos distintos da nossa história musical...
 
Num dos primeiros Tributos a Raul Seixas

1º Halloween da cidade, no CSA,
promovido pelo professor Ionaldo Oliveira

Um encontro na casa do senhor Orlando e D. Raimunda
(na foto, dois amigos que já partiram: Barnabé e José Wilson)

Tributo a Elvis - no Núcleo

Um encontro inesquecível numa casa
de show - Rua Chile, na Ribeira - Natal/RN

Fotógrafos não identificados

terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Mais uma vez

A flor

Hoje eu estou sem matérias.
Também não tenho mensagens.
Café eu não lhes dou... 
Vocês aceitam uma flor?!

Foto: Eliel Silva

domingo, 21 de fevereiro de 2010

I’m a Rocker

Eu já fui uma brasa


“Eu também um dia fui uma brasa
e acendi muita lenha no fogão.”
(Já Fui Uma Brasa – Adoniran Barbosa
e Marco César)

Com um olhar de soslaio para o passado, coisa que eu não gosto, para não dizer o contrário, porque para mim é muito bom narrar essas boas lembranças, então eu me recordo daquele tempo de roqueiro. O Rock in Rio engatinhava, a cidade do rock já havia sido sonhada e por aqui a gente sonhava também. E não é que o sonho (quase) se tornou realidade naquela primeira metade dos anos 1980! Bom, pelo menos parte dele. Aquela turma de amigos formada pelos futuros rockers Washington, Ionaldo, Júnio Horácio, Temístocles, João Palhano, Erivan Lima, Barnabé e eu chegou a fundar o Rock’s Club. Curiosamente o Ruy Lima (fã do rei do rock) ainda não fazia parte daquela trupe que tinha carteirinha e tudo. Era uma onda! Com essa carteirinha que supostamente nos dava direito a entrar (às vezes) de graça nas festinhas, cada um guardava orgulhosamente em seu bolso aquele passaporte da fantasia. Acredite que às vezes a investida de entrar em alguns clubes da cidade sem pagar quase funcionava. Se o porteiro (ou segurança) era desavisado e se rendia ao visual diferente e futurista daquela carteirinha, a noitada estava garantida. Dentro do clube a gente era o destaque. A La James Dean, mas sem os carrões velozes, a turma do rock mexia com a imaginação das pessoas da então pequena e pacata cidade dos verdes canaviais.
Com as caras pintadas a la banda KISS

Alguns apelidos (que preferíamos considerá-los nomes artísticos) rolavam na comunidade roqueira. Isso sempre puxando para o artista preferido de cada um, que poderia ser qualquer tipo de artista e não só cantor. Assim, por exemplo, o Ionaldo era chamado de Ionsbourne (em referência a Ozzy Osbourne), Temístocles, não sei bem por que, virou Temisboy (talvez pela sua então virilidade), e o líder (era assim que ele assinava na carteirinha de sócio) do grupo, Washington Pereira, chamava-se John Washington Lord (por razões que ainda pretendo descobrir – ou que talvez até bem sei). Orgulhosamente eu rabiscava o meu nome artístico em papéis avulsos treinando para uma futura assinatura de Eliel Dylan. Ora, pois! Colou para quase todos ali, menos para o chefão, o Lord. Esse astucioso resolveu me apelidar simplesmente de Padre Zé Dylan. Era justificável, pois meus ídolos daquela safra eram mesmo Pe. Zezinho (por causa dos movimentos da Igreja), Zé Geraldo e Bob Dylan. Mas como ser um roqueiro “padre” ou “padre” roqueiro? Ah, mas para meu consolo havia a banda Judas Priest. Então eu curti aquilo tudo. E quando chegou o grande dia do Rock in Rio, fomos assistir de camarote na Praça das Cinco Bocas, na televisão pública. Claro que para convencer o vigia a nos deixar assistir aquela maluquice até altas horas, cortando o barato de algumas pessoas presentes (e ali, literalmente bem mais presentes que nós) de assistirem a um filme em outro canal, tínhamos que conversar baixinho com o responsável, às vezes até dar uma gorjeta pra coisa poder funcionar. Enquanto não começava, corríamos para uma mercearia próxima, daquelas que tinha três portas na frente, e degustávamos um delicioso vinho de Jurubeba. Para tira-gosto, a gente pedia mortadela. Numa dessas ocasiões o estoque dessa iguaria acabou e o jeito foi mandar fritar ovo mesmo.
Foi tudo muito bom, até que o rock errou! Ou será o sinal do tempo em nós?! Hoje, todos senhores casados (ontem, dia 20 de fevereiro, eu e “minha senhora” completamos 22 anos juntos – o que agora para muitos moderninhos talvez soe démodé), já quase cinqüentões, é bom vivermos o romantismo daquele tempo de puro rock and roll. E eu ainda me considero um roqueiro. I’m a rocker!

Crédito das imagens:
Foto: Juscelino
Carteirinha: Eliel Silva

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Poesia


Espírito universal

Por espaços milenares
Estás a espalhar:
O teu encanto,
A tua magia,
A tua poesia.

Seduziste reis e rainhas,
Príncipes e princesas,
Plebeus e nobres,
Com a doçura, a brandura
Que trazes em tua essência.

Te espalhas pelo ar
Como brisa em oásis.
Teu poder de sedução
Toca bem mais que o coração:
Toca os recônditos da alma.

Quando resultas daqueles momentos
Em que o sopro divino paira
Sobre homens e mulheres de boa vontade,
Consegues enternecer
O mais insensível dos mortais.

Acalmas, entristeces, agitas, fazes refletir.
Que ouvidos conseguem ficar indiferentes
A tua magia?
Que coração não se rende a tua beleza?

És fator de integração entre povos e raças.
Tua língua é universal.
Essa universalidade tua,
É mais que natural:
É transcendental.
E, na estrada encantada,
Feita de dós, rés, mis, fás, sóis, lás e sis,
Segues espalhando em tuas notas,
A harmonia e a melodia da vida,
Despertando os sóis do universo,
Fazendo-te luz em meio à escuridão.
Abençoado o espírito que te criou.
Pedro Henrique

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Panis et Circenses

Circo, carnaval e cinzas

Olhando na quarta-feira as ruas vazias
Com os GARIS dando um jeito em nossa moral
Custei a compreender que fantasia
É um troço que o cara tira no carnaval
E usa nos outros dias por toda a vida
Dizendo: "Olá! Como vai?" e coisas assim
O nó da gravata apertando o pescoço...
(Fantasia - João Bosco e Aldir Blanc)
Juro que eu bem desejei ir àquele circo. Certa tarde passou um carro de som na minha rua e o locutor anunciava mais um dia de espetáculo (depois disso, por uns três ou cinco dias seguidos ouvi anunciar a última apresentação). E tocava umas canções do momento que ele dizia fazer parte da programação daquela noite, garantindo aos ouvintes a audição daquelas “pérolas” que seriam tocadas lá. Também como atração haveria um concurso para quem melhor dançasse o “créu”. Isso ele falava em alto e “bom” som com todos os agudos possíveis. Para completar saiu uma que dizia “olha o ‘baculejo’ do negão”. Achei melhor não ir naquela noite. Não estava em minhas emoções circenses ver “baculejo” de negão nenhum. Mas no outro dia, para aquele domingo à tarde, haveria uma programação diferente. A matinê contaria com um concurso para avaliar a maior boneca (o brinquedo!) que fosse levada ao circo naquele espetáculo. Tai algo que achei interessante, diferente, educativo. Pensei logo no desafio: ainda existem crianças tão interessadas assim por bonecas?! Me empolguei pra ver, ainda mais com aquelas musiquinhas (agora eram outras) cantadas por uma então inocente Simony e a sua turma do Balão Mágico.

Mas que diabos, logo naquela tarde em que haveria uma programação de carnaval de rua na praça das cinco bocas, promovida pela prefeitura municipal em parceria com algumas secretarias. Optei pelo desfile, coisa que há muito tempo não se via por aqui. E fui lá. E foi bom. Foi muito bom presenciar toda aquela gente se espremendo naquela nova Sapucaí daqui para ver as atrações anunciadas para aquela tarde/noite. E quase na hora marcada começaram os desfiles dos grupos carnavalescos tradicionais aqui da terrinha: Índios Comanche, Índios Tupinambá de Gravatá, Escola de Samba Império do Vale e Bambelô Asa Branca.
E os nossos foliões não decepcionaram. Fizeram bonito, cada qual a seu modo. O evento contou com a presença do prefeito da cidade, Antônio Peixoto, e alguns assessores: Lula, Waldeck e Francisco Navegantes. E foi só. Os demais secretários certamente estavam nadando em “outras praias”. No meio do povo também se encontrava Rossini Cruz, o homem da Budega Véia, grande incentivador cultural da nossa cidade.
Encerradas as apresentações, peguei a reta da Meira e Sá, de volta pra casa. No caminho me encontrei com algumas crianças que vinham do circo, acompanhadas de seus pais. Algumas portando belíssimas bonecas. E uma dessas bonecas, possívelmente a vencedora do concurso, era enorme. Tanto que estava sendo transportada nos ombros de um senhor, cheio de alegria. Cheguei a conclusão de que, por mais que se diga que o mundo é muito pequeno, que a vida é curta, e tantas outras filosofias, há sempre espaço pra todo mundo, é só cada um conquistar “o seu quadrado”. Não se pode deixar que os anseios de um povo simplesmente se transformem em cinzas. E haja pão e circo para toda essa gente!
Crédito das Fotografias:
Circo: internet
Desfile e foliões: Eliel Silva

sábado, 13 de fevereiro de 2010

Vila do sossego

Até a quarta-feira!

"Se acaso meu bloco
Encontrar o seu,
Não tem problema,
Ninguém morreu.
São três dias de folia e brincadeira,
Você pra lá e eu pra cá,
Até quarta feira."
(Marchinha de carnaval)

Quero agradecer a todos os web-leitores do Retratos & Cançães, pelos seus acessos, comentários, e-mails enviados, enfim, por todo essa troca de carinho que a gente vem exercitando desde o primeiro dia do ano. É muito bom ter vocês com a gente! Vamos agora aproveitar o período de momo para um descanso. Eu já decidi: vou ficar na minha vila do sossego, onde o tempo passa lentamente. Assim, aproveito para meditar a minha vida. A gente se encontra na quarta-feira, então, com as cinzas da paixão dos foliões.
 
Crédito das Fotos: Eliel Silva

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Déjà Vu

NÓS SOMOS O MUNDO

Vinte e cinco anos já se passaram daquele encontro histórico, único, inimitável, onde 45 dos maiores nomes da música se reuniram num estúdio, na noite de 28 de janeiro de 1985 para a gravação do single We Are The World, com o objetivo de arrecadar fundos para combater a fome na África. Gesto tão nobre havia acontecido em agosto de 1971, quando o ex-beatle George Harrison, atendendo ao chamado do músico indiano Ravi Shankar, realizou no Madison Square Garden, em Nova Iorque, o Concerto para Bangladesh para ajudar a população daquele país.
USA for Africa, projeto idealizado por Harry Belafonte talvez tenha sido mais audacioso no sentido de convencer tantas celebridades para um encontro em prol de uma causa que não fosse o trabalho individual de cada um. Por via das dúvidas, na porta do estúdio havia um aviso: “Favor deixar seus egos pendurados antes de entrar.” Propício para aquele momento. O que não impediu que lá dentro, dois artistas quase se desentendessem por conta de um verso da canção que um deles sugeria mudar. Mas o bom foi ver aqueles monstros sagrados da música tão indecisos e indefesos diante da genialidade do maestro Quincy Jones responsável pela regência do grupo e arranjos da música.
Algum tempo depois consegui assistir numa fita VHS o processo de gravação (exaustivo ao extremo!). Foi engraçado ver a Cynd Lauper ser advertida pelo maestro sobre os seus colares pendurados no pescoço que, chacoalhados quando ela se aproximava do microfone, emitiam um barulho que era captado no estúdio e sairia na gravação. E o que não dizer de Bob Dylan, inseguro como um aprendiz, após conseguir encaixar, a seu modo, a frase que lhe foi entregue, naquele pequeno espaço da melodia, o astro se ajoelha diante de Quincy Jones em sinal de agradecimento e respeito. Assisti a tudo isso naquele documentário importado, sem legenda. Quando o DVD saiu, tudo bonitinho, eu dei bobeira e deixei passar. Hoje não consigo mais encontrar. Mas independente disso, ninguém me tirou a emoção de assistir ao clip da canção por incontáveis vezes naquele ano de 1985. Até mesmo na televisão lá de casa que na época era em preto e branco eu via aquele acontecimento da música internacional como num sonho todo azul.
O disco USA for Africa rendeu 50 milhões de dólares que foi usado para ajudar as vítimas da fome e de doenças na África.
E vocês acreditam que também aqui em Ceará-Mirim foi tirado proveito desse lançamento? Foi sim. Eu explico... É que naquele mesmo ano, aproveitando a carona do sucesso de We Are The World, o músico Alexandre Lacerda (aqui de Ceará-Mirim), o cantor Getúlio Marques (de Natal), e eu (também daqui da cidade), fizemos uma versão da música para ser cantada na caminhada da paz, naquele ano de 1985, onde se celebrava o ano mundial da juventude. Sinceramente, eu não me lembro mais a letra, mas há uma parte do refrão que diz assim: “A juventude é a esperança de um novo mundo onde as pessoas saibam ser irmãs...” Essa nossa versão se transformou em hino dos encontros de grupos de jovens e pastorais. Ficou tão popular que um amigo nosso, tendo a brilhante idéia de se candidatar à vereador, quis “empurrar” a música como seu hino de campanha, mas nós o convencemos a mudar o jingle. Graças a Deus!
Para celebrar os 25 anos da sua primeira gravação, artistas se reuniram para regravar We Are The World. No time, quase ninguém daquele primeiro encontro, exceto o próprio maestro, Lionel Richie e Michael Jackson, autores da música. Michael terá a sua voz também presente nessa nova gravação. O dinheiro arrecadado dessa vez será para ajuda ao Haiti. Os tempos são outros, as necessidades as mesmas.
Seja em que tempo for e onde estivermos, sempre a história mostrará que nós somos o mundo.

Crédito das Fotografias: Internet e arquivo de Eliel Silva

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Oh Happy Day

"A amizade sincera
é um santo remédio,
é um abrigo seguro."
(Amizade Sincera - Dominguinhos
e Renato Teixeira)


• Costumo não esquecer a data do aniversário dos meus amigos, e hoje é o dia de mais um deles: Dr. Paulo Roberto de França. Como já falei noutro blog, sou fã dele como cronista e admiro muito o seu trabalho. Sei que anda meio ocupado, ou apenas distante, nesse início de ano, talvez por isso não tenha ainda me enviado uma nova crônica para que eu pudesse estrear aqui no R&C. Mas não faz mal, em sua homenagem vou reproduzir na íntegra uma que foi publicada no blog chaminé em sua primeira fase, no ano de 2007. Tempos bons aqueles! Vamos a crônica...


Ela, Bethânia e Eu


Hoje me veio uma daquelas lembranças repentinas e inexplicáveis. Coisas da mente humana, recordações adolescentes de uma manhã quente das férias de dezembro de um ano distante. A turma da rua acordava cedo para jogar bola no campo de frente ao cemitério, que naquela época não servia aos parques de diversões. Era um campo aberto aos nossos sonhos de craques. Pois bem, juntávamos três ou quatro e subíamos um pouco a Meira e Sá, para chamar mais um amigo que não era tão essencial ao time. Motivo? Olhar ela. Sua irmã morena, gostosa, mais velha, certamente com um namorado também mais velho. Vê-la era um acontecimento. De short nem me fale. Perto dela (nossa musa secreta) a amiga bola era apenas uma sobremesa a ser degustada a ponta-pés. Recordo agora, particularmente de uma dessas manhãs, que não sei como, me deixaram ir sozinho chamar o nosso amigo ao futebol. Cheguei, toquei a campainha. Silêncio. Ela na sala ouvia um programa de rádio a.m. Eu, na tentativa de ser notado, gritei: “Fulano tai?” A voz bonita e brava me pedia silêncio. Não podia ser incomodada. Estava copiando uma nova música que Maria Bethânia em tom amargurado bradava no som do rádio. “Olhos nos Olhos”. “Paulinho, fale baixo, entre e vá chamar Fulano”. Aquilo soou que na realidade ela não dava a mínima para mim, mas vá dizer isto aos meus sonhos pueris. Imaginei ser uma frase promissora, afinal ela me conhecia, me chamou pelo nome. Meus pensamentos já antecipavam o momento do abraço, do primeiro beijo. Parado, fiquei admirando sua pele fina no rosto suave, bem desenhado, pernas morenas, roliças e bem definidas. Indefinidas estavam as minhas pernas que não sabiam aonde ir. Bethânia ainda cantava, parecendo não querer mais parar. De pirraça. Olhos nos Olhos. Gostei da música. Tempos depois soube que era de Chico Buarque. Só podia. Consegui andar, mas não lembro se o irmão dela foi comigo; lembro que neste dia joguei muito bem e depois tomei um demorado banho melhor ainda. Nada comentei com os amigos, nem tinha porque, afinal não vira sequer uma blusa semi-aberta, um “lance” (termo da época) mais ousado. Nada. Apenas a presença Dela, a sua voz, a voz da música. Olhos nos Olhos. Foi um instante só meu. Não o dividiria com ninguém. Coisas da vida; momentos ímpares que marcam pela sua simplicidade e que nem entendo porque agora aflorou. Faz muito tempo. Ela foi morar longe e nunca mais a vi. Deverá ser até avó, casada por várias vezes, quem sabe. Ou não. A beleza resistiu ao tempo ou deu lugar às rugas, varizes, celulites, obesidade? Não sei, mas hoje ouvi Bethânia de novo: “Olhos nos olhos, quero ver como suporta me ver tão feliz...” É verdade, eram dias felizes. Felizes e puros.
Dr. Paulo Roberto de França

domingo, 7 de fevereiro de 2010

Quase sem querer

Ai Que Saudade D'Ocê

"Não se admire se um dia
Um beija-flor invadir
A porta da tua casa
Te der um beijo e partir
Fui eu que mandei o beijo
Que é pra matar meu desejo
Faz tempo que eu não te vejo
Ai que saudade de ocê"
(Vital Farias)

Mesmo com as postagens encerradas no dia 31 de dezembro do ano passado, o blog Jovem Guarda Especial (http://www.jovemguarda87fm.blogspot.com/), criado pelo Edvaldo Morais com o objetivo de ser uma continuação do programa dominical homônimo, levado ao ar pela 87 FM, essa semana atingirá a marca dos 6.000 acessos. Fico feliz de ter assumido o comando do blog há alguns meses atrás e ter contribuído para a permanência do mesmo por todo esse tempo, sempre com postagens leves e verdadeiras. Em comum acordo resolvemos encerrar suas postagens e recomeçar no Retratos & Canções. Mas confesso que as vezes me bate uma saudade danada do JGE (o blog), talvez por ter sido ele o primeiro que eu "mexi". Fazer o quê? A vida é assim. E a gente tem que seguir...

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

A semana

Abençoa, Senhor...


"Abençoa, Senhor, meus amigos
e minhas amigas
e dá-lhes a paz..."
(Oração Por Meus Amigos
- Pe. Zezinho, scj)

Parabéns para nossos amigos e amigas...


* Dia 2: aniversário da nossa amiga Gildete Soares, a “garota papo firme” do Jovem Guarda Especial, programa dominical que é levado ao ar pela 87 FM, das 8 às 10 horas. Uma produção musical desse humilde blogueiro e apresentação do incansável Edvaldo Morais. Gildete de vez em quando dá o ar da graça, participando ao vivo. Quando não, a sua voz é sempre ouvida nas chamadas e vinhetas da programação. Uma maravilha singular essa moça!
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* João André – Também está de parabéns esse homem de coragem, batalhador e as vezes contestador (quando é preciso). Seu blog, Ceará-Mirim Livre, nessa semana atingiu a marca dos 100 mil acessos. Um marco na história da blogosfera local. A coragem e, vamos dizer assim, a ousadia do blogueiro fizeram com que esse veículo de comunicação sob o seu comando se tornasse uma mania entre os web leitores que hoje talvez não consigam passar um dia sem acessá-lo. Parabéns, João André, pela competência e pela coragem. A maioria das pessoas que acessa o seu blog gosta de você assim, sem tirar nem por. Tenho certeza que se meu pai, "o velho Daniel de guerra”, como ele mesmo diz, lhe conhecesse, certamente diria: “esse cara tem coragem de mamar em onça!” - isso para expressar sua admiração pela destreza do blogueiro. Você sim, meu caro João André, é “o cara”, e não uns que se auto-intitulam assim mas que, na verdade, são uns caras de pau. Parabéns, “cara”!

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* Hoje, dia 5, estão aniversariando: Ionaldo Oliveira e Michelyne Siqueira. Ele, professor de inglês da E. E. Interv. Ubaldo Bezerra de Melo. Por muito tempo esteve à frente da banda Alma de Borracha. Tive o prazer de desfrutar da sua companhia nos áureos tempos do grupo musical e também já no ocaso desse. Mas bem antes desse período a nossa amizade já existia, pois ela vem do final da década de 1970, quando a gente se encontrava para ouvir e discutir sobre as canções do Zé Geraldo.

Michelyne foi minha vizinha por muito tempo, na Rua Rio Água Azul. Vindo de Maceió, essa garota das Alagoas logo conquistou toda a vizinhança com a sua “morenice”, educação e simplicidade. Hoje, recém-formada em História, leciona no SECAT; possivelmente será professora do “meu garoto” Israel Dylan. Felicidade para todos nós!

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* Amanhã, dia 6, será a vez de Solange Costa, mamãe da Rebeca e do Netinho e esposa do roqueiro incorrigível Washington Pereira, marcar mais uma passagem da vida em seu calendário. Solange também é uma amiga de longas datas. Estivemos presentes em vários momentos importantes na vida da nossa gente. Sempre nos acalentando com belíssimas e inspiradíssimas canções. Isso nos faz felizes. Parabéns a todos por tudo isso! Obrigado, Senhor, por meus amigos!

Na próxima semana tem mais gente comemorando essa grande arte de viver.

Fotos: Eliel Silva e Acervo do Blog Jovem Guarda (Edvaldo Morais)

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Picture

UNIFORMES


“Você se espanta com o meu cabelo
É que eu saí de outra história.
Os heróis na minha blusa
Não são os que você usa.
E eu não te entendo bem.”
(“Uniformes” – Leoni/Léo Jaime –
Grav.: Kid Abelha)


Taí uma coisa que eu curto muito: estampar no peito fotos de pessoas pelas quais tenho grande admiração. Mania que trago da minha juventude e que me acompanha vida afora. Existem várias figuras que eu gostaria de tê-las nas minhas camisas, algumas das quais já perderam o viço pelo tempo de uso (Renato Russo, Cazuza...) e outras, infelizmente, não estão disponíveis no mercado.
Me orgulha ainda mais o fato de algumas terem sido pintadas por artistas amigos meus. Duas delas tem um significado especial: a pintura da capa do "Self Portrait", disco do Bob Dylan, que o Ruy Lima reproduziu fielmente para mim e outra que idealizei a partir de uma canção do Zé Geraldo, “Vaqueiros Urbanos”, um trabalho do artista plástico Euds Martineri. E por que são tão especiais? Bem, primeiro, como já falei, por se tratar de um trabalho feito por mãos amigas; depois porque existem historinhas envolvendo as tais pinturas.
Certa vez fui a um show do Belchior, no Teatro Alberto Maranhão, em Natal/RN, e, pensando até em homenagear o cantor cearense, porque, como ele mesmo diz numa canção, “nossos ídolos ainda são os mesmos”, o que para mim é uma verdade, então naquela noite vesti a camisa do Bob, Self Portrait. Depois do show fui ao camarim daquele “rapaz latino americano” batalhar um autógrafo e qual não foi a minha surpresa ao ver que o cantor ficou impressionado com a pintura na minha camisa. Se aproximou, analisou, e admirado me perguntou quem havia pintado e que tipo de tinta usou. Sobre a tinta eu não soube dizer nada, mas sobre o pintor falei com entusiasmo. O trabalho do meu amigo Ruy impressionou o também pintor Antônio Carlos Gomes Belchior Fontenelle Fernandes.
Outro trabalho que me deixa orgulhoso é o do Euds Martineri, Vaqueiros Urbanos. Houve um tempo em que eu tinha uma idéia fixa de montar “um regional” para tocar rocks rurais na cidade grande. Falei para o Euds da minha idéia, disse mais ou menos como queria a pintura e o cara simplesmente criou uma obra prima. Mesmo o grupo não tendo decolado, fiquei com as lembranças do projeto e a camisa que guardo como um amuleto.
E assim eu saio pela vida carregando comigo esses heróis. Ah, por opção e por precaução, nunca usei camisa de político. Os meus ídolos ainda são os mesmos. E eles são outros.
Fotos: Eliel Silva

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

Aquela casa simples

Por ele mesmo...

Quem é José Flávio, senão um norte rio-grandense vivendo em terras paulistas. Fazendo a cada dia uma experiência de saudade da terra natal. Na batalha diária pela vida na qual também estão envolvidos todos os potiguares, paulistas, cariocas, canadenses, parisienses, enfim, todas as tribos do universo.
A música tem o poder de nos trazer as mais diversas e nobres sensações e sentimentos, inclusive o da paz. Seja numa casinha no campo, seja na cidade, praia ou montanha. A casa na verdade é a mente e, estando ela em paz, tudo o mais também estará.


Do tamanho da paz

Eu já tive uma casa no campo e não compus muitos rocks rurais,
Pra dizer a verdade, não compus nenhum.
Nem de rock rural eu gostava.
Meu prazer era ficar sentado na relva verde à beira do rio
E ouvir o canto dos pássaros.

Lá nos jardins dessa casinha feita de saudades
Plantei meus amigos, meus discos, meus livros.
Dessas sementes que semeei algumas brotaram
E se tornaram árvores frondosas e deram bons frutos.
Algumas sementes caíram à beira do caminho
Outras caíram entre os espinhos, ou entre as pedras.
Outras ainda caíram entre à beira do caminho,
Sendo comidas pelos pássaros.
Paciência! Paciência! Ainda não sou tão bom semeador assim,
Mas um dia eu chego lá.

Ah, que saudades daquela casinha!
Lá sim, a mãe natureza me fazia ficar do tamanho da paz.
Essa mestra e sábia mãe me ensinou a ficar
Do tamanho da paz em qualquer lugar.
Ah, como são importantes essas lições em tempos de guerra.
Falo de guerras urbanas e dessas guerrinhas bobas do cotidiano,
Fruto da vaidade humana, tão terrível quanto as grandes guerras.

Todos passam, tudo passa nessa vida.
A esperança é última que passa, porém.
E a minha ainda usa óculos, e isto me permite
Usar os limites do corpo para dar grandes saltos
Na imensidão do céu azul que paira sobre campos e cidades.

Uma vez o Mestre falou:
“Vós sois o sal da terra e a luz do mundo”!
Concordo plenamente.
E acrescentaria um pouco de pimenta nesse molho.
Que sabe essa receita abra
Minha mente e a de meu filho
E nos torne capazes de acompanhar
A evolução da humanidade.
José Flávio

(texto inspirado na canção Casa no Campo,
de Zé Rodrix/Tavito e em Mt, 13 1-58)
Campinas, 14 de fevereiro de 2006